A saúde dos olhos nem sempre recebe a atenção que merece durante a infância. No entanto, alterações visuais não tratadas nessa fase podem impactar diretamente o aprendizado, o comportamento e até a autoestima das crianças. Pensando nisso, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) lançaram a cartilha “Saúde Ocular na Infância”, um guia completo com orientações práticas para pais, professores e cuidadores.
Neste post, reunimos os principais pontos da publicação, que aborda desde problemas comuns como conjuntivite e terçol até o impacto do uso excessivo de telas e a importância dos exames oftalmológicos regulares.
A importância do diagnóstico precoce
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% dos casos de cegueira infantil podem ser prevenidos ou tratados se identificados precocemente. Ainda assim, muitos problemas visuais não apresentam sintomas claros no início, o que torna o papel dos pais e professores ainda mais relevante na observação de sinais sutis.
Fique atento a sintomas como:
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Dificuldade para enxergar a lousa;
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Aproximação excessiva de livros, telas ou objetos;
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Dores de cabeça frequentes;
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Olhos desalinhados (estrabismo);
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Esfregar os olhos com frequência.
Desenvolvimento visual: o que esperar em cada fase
A cartilha também orienta sobre marcos visuais importantes no desenvolvimento infantil. Esses marcos ajudam a identificar possíveis alterações que exigem avaliação especializada:
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1 mês: o bebê deve conseguir fixar o olhar por alguns segundos;
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3 meses: já deve acompanhar objetos com os olhos;
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9 meses: reconhece rostos familiares e reage a expressões faciais.
Caso esses comportamentos não estejam presentes, ou se a criança apresentar reflexo esbranquiçado na pupila ou olhos desalinhados, é fundamental consultar um oftalmologista.
Conjuntivite, terçol e obstrução do canal lacrimal
Entre os quadros mais comuns na infância estão:
Conjuntivite
Causa vermelhidão, coceira e secreção. A cartilha recomenda compressas frias, higiene frequente e evitar o compartilhamento de objetos como toalhas ou travesseiros.
Terçol
É uma bolinha dolorida na pálpebra causada por inflamação. O alívio vem com compressas mornas e massagens suaves na região.
Obstrução do canal lacrimal
Comum em bebês, provoca lacrimejamento constante. Massagens leves no canto dos olhos costumam ajudar, mas se o quadro persistir após 1 ano, é necessário acompanhamento médico.
Exposição a telas: um alerta importante
A cartilha dedica um capítulo ao uso de telas, tema que preocupa muitos pais atualmente. A recomendação dos especialistas é clara:
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Evitar totalmente o uso de telas antes dos 2 anos;
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Limitar o tempo a no máximo 3 horas por dia na infância e adolescência;
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Adotar a regra 20-20-20: a cada 20 minutos de tela, olhar para um objeto a 6 metros de distância por 20 segundos.
Além disso, estimular brincadeiras ao ar livre com exposição solar indireta contribui para o desenvolvimento saudável da visão e pode reduzir o risco de miopia infantil, que tem crescido nos últimos anos.
Acidentes domésticos e proteção dos olhos
A visão das crianças também pode ser prejudicada por acidentes em casa. A cartilha recomenda:
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Uso de óculos de proteção durante atividades manuais ou esportes;
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Armazenar produtos químicos e objetos cortantes fora do alcance das crianças;
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Supervisão rigorosa no uso de maquiagens infantis, priorizando produtos hipoalergênicos e limpeza correta da área dos olhos.
Quando levar a criança ao oftalmologista?
Mesmo que não existam sintomas visíveis, o exame oftalmológico completo deve ser realizado ao menos:
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Entre 6 e 12 meses de idade;
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Entre 3 e 5 anos, para garantir que o desenvolvimento visual está ocorrendo de forma adequada.
Além disso, qualquer sinal de desalinhamento dos olhos após os 4 a 6 meses de vida deve ser avaliado, pois pode indicar estrabismo.
Cuidar da saúde ocular na infância é um passo fundamental para garantir um desenvolvimento pleno, um bom desempenho escolar e qualidade de vida. A nova cartilha lançada pelo CBO e pela SBOP é uma ferramenta acessível e confiável para orientar famílias e profissionais da educação sobre os principais cuidados visuais em cada fase da infância.
Se você convive com crianças ou atua na área da saúde ou educação, vale a pena ler e compartilhar esse conteúdo. A prevenção, quando se trata da visão, pode mudar o futuro de uma criança.
📄 Quer acessar a cartilha completa?
Procure no site do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (www.cbo.net.br) ou entre em contato com seu oftalmologista de confiança.