Com a chegada do outono, as mudanças climáticas não afetam apenas o vestuário ou os hábitos diários da população. A saúde ocular, frequentemente negligenciada nesta época do ano, demanda atenção redobrada, principalmente por parte de pacientes com predisposições alérgicas, usuários de lentes de contato e pessoas com doenças oculares crônicas.
Umidade relativa e a síndrome do olho seco
Durante o outono, é comum observar uma queda na umidade relativa do ar. Essa mudança afeta diretamente a estabilidade do filme lacrimal — camada essencial que protege, nutre e lubrifica a superfície ocular. A evaporação aumentada da lágrima leva a uma condição multifatorial conhecida como síndrome do olho seco, cujos sintomas incluem ardência, sensação de areia, coceira e, paradoxalmente, lacrimejamento excessivo reflexo.
Estudos recentes indicam que cerca de 18% da população brasileira apresenta algum grau de disfunção lacrimal, sendo essa taxa mais elevada em regiões urbanas e entre mulheres acima de 40 anos.
Alergias oculares e o aumento de poluentes
Outro fator importante nesta estação é a elevação de partículas suspensas no ar — como poeira, poluentes e pólen de gramíneas que, mesmo em menor quantidade do que na primavera, podem causar ou intensificar quadros de conjuntivite alérgica. Crianças, pacientes asmáticos e pessoas com rinite alérgica são particularmente sensíveis a essas alterações ambientais.
A conjuntivite alérgica pode apresentar sinais como vermelhidão, edema palpebral, prurido intenso e fotofobia. O uso indiscriminado de colírios vasoconstritores, sem prescrição, agrava a condição e mascara o diagnóstico correto.
Lentes de contato: um risco sazonal
Usuários de lentes de contato devem redobrar os cuidados nesta época do ano. O ambiente mais seco favorece o ressecamento da lente e aumenta o risco de abrasões e infecções, como a ceratite bacteriana. A higiene rigorosa, o uso de lubrificantes oculares específicos e a revisão periódica com oftalmologista são indispensáveis para evitar complicações graves.
Imunidade e oportunismo viral
É também no outono que observamos uma elevação nas infecções virais respiratórias, como gripes e resfriados. O que muitos ignoram é que vírus respiratórios, como o adenovírus, também são agentes frequentes de conjuntivite viral, altamente contagiosa e potencialmente epidêmica. Além disso, pacientes imunossuprimidos podem apresentar manifestações oculares secundárias a quadros sistêmicos virais.
Prevenção: um olhar cuidadoso faz toda diferença
Manter-se hidratado, evitar ambientes com ar-condicionado prolongado, fazer pausas em atividades de tela (computadores, celulares) e usar óculos com proteção UV são medidas simples e eficazes. Mas acima de tudo, a recomendação é clara: a consulta oftalmológica preventiva nesta estação pode ser decisiva para evitar agravamentos silenciosos.
O outono é uma estação de transição — e como toda transição, exige atenção e equilíbrio. Em tempos de saúde ocular fragilizada, o diagnóstico precoce e o acompanhamento especializado se tornam aliados indispensáveis. Como oftalmologista, reforço: cuidar dos olhos é cuidar da qualidade de vida.
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